quarta-feira, 1 de julho de 2015

A inocência decapitada

A infância deturpada pelos interesses de poucos é o foco do nosso olhar. A formação de crianças alienadas em regiões hostis é inevitável, elas crescem somente sob um ponto de vista: a morte e o assassinato são naturais no seu cotidiano. Logo, seus conceitos de cidadania são deformados, sendo as consequências disso óbvias: morte prematura, ausência de humanidade, analfabetismo e inúmeros outros fatores. Constitui-se, então, uma nova geração sem chance de escolha e praticamente sem futuro.
Mas por que isso acontece? Aos pequenos jovens, frágeis e ignorantes, são outorgadas as normas de determinados grupos sociais, como ações comumente vivenciadas na Síria através do EI (Estado Islâmico) que dissemina o terror. E, também, em países como Bolívia e México, por meio do Narcotráfico.
Por meio de um intensivo treinamento militar e religioso, os líderes das organizações terroristas acabam desrespeitando os direitos humanos. Sendo assim, as crianças e os jovens aprendem, por meio de uma doutrina islâmica distorcida que os ensina e lhes incute, desde muito pequenos, suas ideologias e seu fanatismo. Para realizar essas ações extremistas, seus comandantes utilizam crianças como uma forma mais enfática de atingir seus objetivos. Isso porque, há a ausência de rebeliões por parte do próprio exército, como também, uma maior atenção da mídia internacional. Por exemplo, tem-se a criação de um novo exército de crianças por membros do EI, que utilizam formas irracionais para treiná-las como: transportar corpos, utilizar fuzis e bonecos para ensiná-las a decapitar; e, principalmente, não sentir remorso das atitudes sangrentas e covardes que podem praticar.
Ao voltar os olhos para uma situação mais próxima da nossa realidade, o Narcotráfico faz inumeráveis vítimas diariamente, sendo a sua grande maioria composta por jovens menores de 18 anos. São atraídos para o tráfico por, geralmente, serem facilmente influenciados; não possuírem uma boa estrutura familiar; renda suficiente para se manter; nem educação de qualidade (tendo, a grande parte, não concluído o Ensino Fundamental). Um exemplo dessa situação são os menores que, por serem menos notados nas fronteiras e não haver formas de punição mais eficientes contra eles, são utilizados como “burros de carga” e/ou “aviões” para realizar o tráfico de drogas. Isso culmina em uma vida curta, sem dignidade, sem valores e perpetua o ciclo pernicioso na sociedade; o que alimenta, apesar de tudo, o próprio sistema capitalista.
E a que conclusão chegamos? É conspícuo que o mundo está vivendo uma realidade extremamente caótica e, cada vez mais, as pessoas estão radicalizando e vivendo de maneira extremamente individualista. Uma causa vale mais que uma vida; uma religião torna-se uma prisão e o poder sobressai-se à inocência. Afinal, parafraseando o pensador Jean-Paul Sartre: “A violência [contra a criança], seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.”

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