terça-feira, 30 de junho de 2015

A crise econômica do ponto de vista de um mundo globalizado

A abertura da SINU 2015 contou com a participação do Mestre e Doutor em economia pela University of Kent at Canterbury, Reginaldo Nogueira, também Bacharel em Administração pela PUC Minas e professor e coordenador do curso de Relações Internacionais do IBMEC. Após a palestra, cujo tema foi “Entendendo a crise econômica Internacional”, ele concedeu uma entrevista ao SINU DIÁRIO. Durante a conversa, o palestrante retomou alguns pontos do seu discurso e ainda abordou assuntos nacionais e internacionais. No decorrer da entrevista, Reginaldo também ressaltou a importância de trabalhos como a SINU para a formação acadêmica e uma melhor visão crítica de mundo dos alunos.

SINU

Como esse tipo de projeto (SINU) pode influenciar e contribuir para a futura vida acadêmica e cidadã do estudante?
“Acho que é muito importante toda a experiência que vocês possam ter que aumente a capacidade de entender as questões adversas do mundo, que possam engrandecê-lo enquanto conhecedor de problemas das coisas que nos cercam. A experiência é importante pois vai favorecê-lo no universo acadêmico e no âmbito profissional. Quando se entra para a faculdade ou vai procurar emprego pela primeira vez, todos têm o mesmo currículo praticamente. Você nunca trabalhou, obviamente, e por isso não existe muita experiência prévia. Sendo assim, o que diferencia as pessoas são as atividades adicionais que elas fizeram, seja um congresso ou uma simulação interna. Por exemplo na hora de uma entrevista de estagio, existem os alunos que nunca trabalharam e existem aqueles que já se dedicaram a projetos diferentes, isso mostra uma questão de caráter e de esforço que é efetivamente valorizada pelo entrevistador. Assim, a SINU favorece o conhecimento de mundo e a formação do cidadão, além de proporcionar um diferencial na carreira profissional do discente. ”

INTERNACIONAL

Como foi dito na palestra, a Grécia é um país da União Europeia que tem vivenciado um momento de intensa crise no setor financeiro, com risco de sair do bloco econômico europeu e ainda sofrer mudanças na sua estrutura monetária. Caso a Grécia se desligue do grupo econômico do qual faz parte e mude sua moeda do euro para dracma, quais seriam as consequências?
“Para a Grécia especificamente seria um caos: sair do euro e substituir por uma moeda que ninguém conhece, provocaria um caos burocrático, uma confusão. Para a Europa também vai ser muito difícil, porque uma vez um país saindo do Euro, abre-se a possibilidade de discussão: quem será o próximo? Portugal? Espanha? Os problemas da Grécia, embora muito maiores, são parecidos com os problemas dos outros países da Europa devido à globalização. ”

E para o Brasil, como afetaria essa questão da Grécia?
“Isso nos afeta via União Europeia. A Grécia entrando em crise e consequentemente a Europa, as empresas brasileiras que exportam para esse continente, terão dificuldade nos negócios. Teremos também problema em conseguir investimento interno pois os europeus em crise. Então, do ponto de vista econômico, certamente seremos impactados com uma crise na Europa. ”

NACIONAL

Sabemos que o Brasil está passando por um momento de recessão e inflação. Nessa situação, quais os principais motivos que fizeram o país chegar a esse ponto? Uma maior abertura poderia ser uma solução para crise? E fazendo uma previsão, quanto tempo você acha que o Brasil leva para sair dessa situação?
“O Brasil está com problemas muito sérios: a falta de confiança dos empresários que não querem mais investir; a inflação alta pois o governo passou muito tempo sem se preocupar de forma efetiva (a inflação está caminhando para 9% ao ano, e virou um problema para todo mundo); a péssima qualidade da educação; o problema das estradas e da infraestrutura que geram impacto na produção do país. Então, temos alguns problemas seculares que nunca foram resolvidos. Visando à resolução dessas situações adversas, temos que melhorar a estrutura viária, o sistema educacional e retomar a credibilidade de que o governo vai conseguir pagar a sua dívida e reduzir a inflação. Acho que são questões que conseguiremos resolver em pouco tempo. A abertura econômica pode nos ajudar por meio de mão-de-obra mais qualificada para o país e possibilitar que empresas estrangeiras invistam em infraestrutura como portos, estradas e na qualidade da produção brasileira, através da renovação do maquinário quanto das ideias. ”

Essa possível solução poderia ser prejudicada por esses escândalos de corrupção? Isso impede os países na hora de investir no Brasil?
“Isso cria um problema de curto prazo com certeza. O empresário muitas vezes tem medo de investir e entrar no âmbito da propina, mas a longo prazo ninguém tem dúvida de que é uma boa alternativa para os estrangeiros investirem no Brasil, que é uma das grandes economias do mundo, contando com 200 milhões de habitantes e um produto interno bruto que representa quase 3% do PIB mundial, por isso há muito potencial de crescimento. ”

A Copa de 2014 pode ter alguma relação com essa crise vivenciada hoje no Brasil?
“A Copa apresentou um entrave político que já começou a desgastar o governo e ocasionou um rombo nas suas contas, motivo pelo qual o país está quebrado hoje. Foram gastos recursos financeiros com obras completamente desnecessárias. No ano que vem, acontecerão ainda as Olímpiadas, cujos os valores a serem gastos são superiores aos da Copa. O que demonstra a dificuldade do governo em escolher as prioridades. Num país que se tem um percentual muito grande de analfabetos, escolas públicas ruins, estradas com estrutura viária comprometida, gastar dinheiro com estádio de futebol só demonstra que o governo está equivocado quanto às prioridades. ”

"Assim, a SINU favorece o conhecimento de mundo e a formação do cidadão, além de proporcionar um diferencial na carreira profissional do discente."

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