A abertura da SINU 2015 contou com a participação do Mestre
e Doutor em economia pela University of Kent at Canterbury, Reginaldo Nogueira, também Bacharel em Administração pela
PUC Minas e professor e coordenador do curso de Relações Internacionais do
IBMEC. Após a palestra, cujo tema foi “Entendendo a crise econômica
Internacional”, ele concedeu uma entrevista ao SINU DIÁRIO. Durante a conversa,
o palestrante retomou alguns pontos do seu discurso e ainda abordou assuntos nacionais
e internacionais. No decorrer da entrevista, Reginaldo também ressaltou a
importância de trabalhos como a SINU para a formação acadêmica e uma melhor
visão crítica de mundo dos alunos.
SINU
Como esse tipo de
projeto (SINU) pode influenciar e contribuir para a futura vida acadêmica e
cidadã do estudante?
“Acho que é muito importante toda a experiência que vocês
possam ter que aumente a capacidade de entender as questões adversas do mundo,
que possam engrandecê-lo enquanto conhecedor de problemas das coisas que nos
cercam. A experiência é importante pois vai favorecê-lo no universo acadêmico e
no âmbito profissional. Quando se entra para a faculdade ou vai procurar
emprego pela primeira vez, todos têm o mesmo currículo praticamente. Você nunca
trabalhou, obviamente, e por isso não existe muita experiência prévia. Sendo
assim, o que diferencia as pessoas são as atividades adicionais que elas
fizeram, seja um congresso ou uma simulação interna. Por exemplo na hora de uma
entrevista de estagio, existem os alunos que nunca trabalharam e existem aqueles
que já se dedicaram a projetos diferentes, isso mostra uma questão de caráter e
de esforço que é efetivamente valorizada pelo entrevistador. Assim, a SINU favorece
o conhecimento de mundo e a formação do cidadão, além de proporcionar um
diferencial na carreira profissional do discente. ”
INTERNACIONAL
Como foi dito na
palestra, a Grécia é um país da União Europeia que tem vivenciado um momento de
intensa crise no setor financeiro, com risco de sair do bloco econômico europeu
e ainda sofrer mudanças na sua estrutura monetária. Caso a Grécia se desligue do
grupo econômico do qual faz parte e mude sua moeda do euro para dracma, quais seriam
as consequências?
“Para a Grécia especificamente seria um caos: sair do euro e
substituir por uma moeda que ninguém conhece, provocaria um caos burocrático,
uma confusão. Para a Europa também vai ser muito difícil, porque uma vez um
país saindo do Euro, abre-se a possibilidade de discussão: quem será o próximo?
Portugal? Espanha? Os problemas da Grécia, embora muito maiores, são parecidos
com os problemas dos outros países da Europa devido à globalização. ”
E para o Brasil, como
afetaria essa questão da Grécia?
“Isso nos afeta via União Europeia. A Grécia entrando em
crise e consequentemente a Europa, as empresas brasileiras que exportam para
esse continente, terão dificuldade nos negócios. Teremos também problema em conseguir
investimento interno pois os europeus em crise. Então, do ponto de vista
econômico, certamente seremos impactados com uma crise na Europa. ”
NACIONAL
Sabemos que o Brasil
está passando por um momento de recessão e inflação. Nessa situação, quais os
principais motivos que fizeram o país chegar a esse ponto? Uma maior abertura
poderia ser uma solução para crise? E fazendo uma previsão, quanto tempo você
acha que o Brasil leva para sair dessa situação?
“O Brasil está com problemas muito sérios: a falta de confiança
dos empresários que não querem mais investir; a inflação alta pois o governo
passou muito tempo sem se preocupar de forma efetiva (a inflação está
caminhando para 9% ao ano, e virou um problema para todo mundo); a péssima
qualidade da educação; o problema das estradas e da infraestrutura que geram impacto
na produção do país. Então, temos alguns problemas seculares que nunca foram
resolvidos. Visando à resolução dessas situações adversas, temos que melhorar a
estrutura viária, o sistema educacional e retomar a credibilidade de que o
governo vai conseguir pagar a sua dívida e reduzir a inflação. Acho que são
questões que conseguiremos resolver em pouco tempo. A abertura econômica pode
nos ajudar por meio de mão-de-obra mais qualificada para o país e possibilitar
que empresas estrangeiras invistam em infraestrutura como portos, estradas e na
qualidade da produção brasileira, através da renovação do maquinário quanto das
ideias. ”
Essa possível solução
poderia ser prejudicada por esses escândalos de corrupção? Isso impede os países
na hora de investir no Brasil?
“Isso cria um problema de curto prazo com certeza. O
empresário muitas vezes tem medo de investir e entrar no âmbito da propina, mas
a longo prazo ninguém tem dúvida de que é uma boa alternativa para os
estrangeiros investirem no Brasil, que é uma das grandes economias do mundo,
contando com 200 milhões de habitantes e um produto interno bruto que
representa quase 3% do PIB mundial, por isso há muito potencial de crescimento.
”
A Copa de 2014 pode
ter alguma relação com essa crise vivenciada hoje no Brasil?
“A Copa apresentou um entrave político que já começou a
desgastar o governo e ocasionou um rombo nas suas contas, motivo pelo qual o
país está quebrado hoje. Foram gastos recursos financeiros com obras completamente
desnecessárias. No ano que vem, acontecerão ainda as Olímpiadas, cujos os
valores a serem gastos são superiores aos da Copa. O que demonstra a
dificuldade do governo em escolher as prioridades. Num país que se tem um
percentual muito grande de analfabetos, escolas públicas ruins, estradas com
estrutura viária comprometida, gastar dinheiro com estádio de futebol só demonstra
que o governo está equivocado quanto às prioridades. ”
"Assim, a SINU favorece o conhecimento
de mundo e a formação do cidadão, além de proporcionar um diferencial na
carreira profissional do discente."
Nenhum comentário:
Postar um comentário